Professor da FCAV Unesp, Marcelo da Costa Ferreira alcança 100 artigos científicos publicados na área e demonstra que os ganhos de eficiência proporcionado pelos avanços da prática poupam recursos que podem tornar a produção mais lucrativa e evitam o desperdício de produtos em aplicações desnecessárias.
O professor Marcelo da Costa Ferreira, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp Jaboticabal, atingiu em abril a marca de 100 artigos publicados em periódicos científicos. Com foco em Fitossanidade e Tecnologia de Aplicação, sua produção reforça a trajetória como um dos principais pesquisadores dentro e fora do Brasil, que desenvolve conhecimento para práticas agrícolas mais eficientes e sustentáveis.
Titular na instituição desde 2018, pontua que chegar a esse número é motivo de muito orgulho e comemoração, pois o processo de publicação e a forma com que a ciência se desenvolve têm sido, nas palavras dele, “cada vez mais onerosos”. Alguns estudos exigem anos de dedicação e envolvem a colaboração de outros pesquisadores na interpretação dos resultados e na explicação dos fenômenos observados.
Após esse processo, para um trabalho ser publicado em forma de artigo ele deve ser submetido a uma avaliação de revisores especializados nos temas em questão. Essa etapa envolve custos, pois grande parte das mais conceituadas revistas atualmente cobram para publicá-los. Todo esse processo leva meses até o texto ser disponibilizado ao público.
O professor afirma que a Tecnologia de Aplicação está relacionada à busca por uma agricultura cada vez mais sustentável, a partir do conceito da correta colocação do produto fitossanitário no alvo. “O monitoramento detalhado dos cultivos permite determinar a presença do alvo, o apontamento do local, quantidade e desenvolvimento que esse alvo se apresenta, contribuindo para as indicações de tratamento, desde a seleção de produtos até a configuração de equipamentos de aplicação.”, detalha.
Aplicações bem-sucedidas implicam ganhos para o produtor e para o meio ambiente. “Os ganhos de eficiência deste tipo de prática poupam recursos que podem tornar a produção mais lucrativa e evitam o desperdício de produtos em aplicações desnecessárias”, conclui o professor.
As pesquisas em Fitossanidade e Tecnologia de Aplicação têm seguido duas tendências bastante distintas. Uma delas tem origem no campo, junto aos usuários a fim de atender às suas demandas cotidianas relacionadas ao tratamento de forma eficiente e segura. “Nesse caso, as pesquisas tratam de aspectos práticos que vão desde procedimentos operacionais até os custos das operações”.
A outra, mais acadêmica, visa compreender melhor os fenômenos daqueles aspectos que interferem nas operações. Esta tendência atua, por exemplo, na identificação de incompatibilidades, seja a partir do estudo de produtos no tanque do pulverizador, das características da folha de uma planta ou mesmo de como se adaptar às alterações climáticas. “Isso pode indicar muito da eficiência e da permanência de um produto depositado sobre uma planta, mesmo em condições adversas, como a ocorrência de chuvas”, destaca Marcelo.
Formação de novos pesquisadores e o legado acadêmico
Desde que começou a dar aulas na Unesp Jaboticabal, em 2003, o professor esteve envolvido em 238 orientações de pesquisas, desde Iniciações Científicas ao Doutorado. “Busco transmitir para os orientandos a crença em um futuro mais justo, equilibrado e mais estável para todos os seres vivos. Isso implica em produzir alimentos e outros bens de sustentação da vida em quantidade e qualidade adequadas para que a população viva em paz. Quando pensamos em fazer uma aplicação, o objetivo é esse: criar um futuro mais justo e equilibrado e não apenas concluir uma determinada tarefa de tratar uma área, ou mesmo de controlar um determinado alvo”, reitera.
Fazendo um balanço de sua produção, que além dos 100 artigos inclui autoria de livros e capítulos em coletâneas de trabalhos, para Marcelo “todos os artigos têm a sua importância, pois pavimentam o caminho do conhecimento”. Seguindo essa premissa, o professor aponta que o recém-lançado livro “Tecnologia de Aplicação de Produtos Fitossanitários”, escrito em parceria com Professor Tomomassa Matuo, congrega o conhecimento de muitos artigos, das contribuições desenvolvidas por ele e seu grupo de pesquisa e dos demais colegas da área. “Este livro é a materialização de que o conjunto é maior do que as partes. Uma pesquisa relevante gera perguntas e indagações para outras cinco — e é isso que a torna dinâmica, progressiva e universal”, reitera.